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Lagartas do pinheiro são perigosas para cães e gatos? O que fazer?

6 Fev 2024 - 10:04

Lagartas do pinheiro são perigosas para cães e gatos? O que fazer?

As lagartas do pinheiro, como o nome indica, são insetos que vivem nos pinheiros. Por norma, em dezembro, já existem ninhos nos ramos das árvores, entre janeiro e maio, começam a surgir filas de lagartas ao longo dos pinheiros e, na primavera, estes insetos libertam os seus pelos.

Em declarações ao Viral, Maria Teresa Oliveira, diretora clínica do Hospital Veterinário da Universidade de Évora (UE), professora auxiliar do Departamento de Medicina Veterinária da mesma universidade e investigadora no Comprehensive Health Research Center, expõe os riscos para os cães e gatos associados às lagartas do pinheiro e explica o que fazer em caso de contacto com estes insetos.

As lagartas do pinheiro são perigosas para os animais de estimação?

A resposta é sim. Maria Teresa Oliveira adianta que, de facto, “as lagartas do pinheiro” – também conhecidas como “processionárias (thaumetopoea pityocampa)” – “são perigosas para os nossos animais de estimação”, sobretudo “para os cães, pelo comportamento exploratório natural dos mesmos quando em passeio”.

“Estas lagartas possuem pelos urticantes que injetam substâncias tóxicas na pele ou mucosas, provocando reações de hipersensibilidade, que podem causar necrose dos tecidos ou, até mesmo, serem fatais”, sustenta.

Como saber se um animal esteve em contacto com lagartas do pinheiro? Segundo a professora da UE, “os sinais clínicos são muito variáveis”. 

Numa fase inicial e de contacto (não muito grave), os sintomas mais frequentes são: “inchaço (edema) do focinho e lábios, edema e cor azulada da língua, hipersalivação, dificuldade em mastigar e engolir, prurido facial, vómitos, agitação, diminuição de apetite, apatia e inflamação/prurido ocular”, esclarece a especialista.

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“Caso o contacto tenha sido severo e/ou o socorro tardio”, o animal pode ter “necrose da língua (com posterior amputação)” e pode mesmo “entrar em choque anafilático, com dificuldade respiratória, tremores musculares, colapso e eventual morte”, acrescenta.

O que fazer se um cão ou gato estiver em contacto com lagartas do pinheiro? 

Na perspetiva de Maria Teresa Oliveira, “se suspeitar que o seu animal de estimação lambeu ou farejou uma lagarta do pinheiro, deve dirigir-se sempre (e rapidamente) a um Centro de Atendimento Médico-Veterinário (CAMV)”. 

Isto porque “uma assistência precoce pode prevenir a evolução negativa do quadro (p. ex., limitar o desenvolvimento de necrose lingual), representando, por vezes, a diferença entre a vida e a morte do animal”, sustenta.

No processo de ida para o veterinário, “deve-se retirar a lagarta da boca do animal e instilar abundantemente água ou soro salino tépido (sob pressão ligeira) no focinho e boca do animal, de modo a retirar o máximo de pelos urticantes e, assim, reduzir a absorção de toxinas”. 

Maria Teresa Oliveira alerta para a necessidade de assegurar a segurança do processo, avisando que a pessoa que retira a lagarta da boca do animal deve fazê-lo “sempre de luvas”. 

Segundo um texto informativo do INEM, os pelos das lagartas do pinheiro também podem “provocar uma reação alérgica” nos humanos, “cuja gravidade depende da intensidade da exposição e da sensibilidade individual”. Saiba o que fazer se entrar em contacto com este inseto aqui e aqui.

Qual o tratamento?

A diretora clínica do Hospital Veterinário da UE explica que “o tratamento será direcionado a controlar a reação de hipersensibilidade e/ou choque anafilático”. 

Segundo a veterinária, “a abordagem terapêutica é decidida pelo médico veterinário assistente, numa base individual, considerando o início, duração e gravidade do quadro clínico”.

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Por norma, recorre-se “a medidas não farmacológicas (como, lavagem da língua e cavidade oral com soro sob pressão) e farmacológicas (como, administração de anti-histamínicos)”. 

Em casos mais graves, “os animais poderão ter de ficar hospitalizados para fazer fluidoterapia e oxigenoterapia”, conclui. 

Que medidas preventivas podem ser tomadas? 

Maria Teresa Oliveira aponta duas medidas preventivas essenciais:

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  1. “Evitar passear o seu animal de estimação à solta e/ou em pinhais na altura da migração das lagartas (normalmente, em Portugal, entre janeiro e maio)”; 
  2. E, caso tenha estas árvores em casa, “tratar os pinheiros (mansos e bravos) para exterminar os ninhos desses insetos e controlar a disseminação da praga”.
6 Fev 2024 - 10:04

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